Pokémon Black 2 & White 2 [Crítica]
São quatro da manhã e estou sentado na varanda do meu apartamento acendendo um cigarro atrás do outro, um pouco chapado de remédio para tosse e, definitivamente, não descansando o bastante para aliviar a necessidade de tomar tanto remédio. Em vez disso, estou treinando meus Pokémon do tipo Água e Luta para conseguir passar do líder do ginásio de Pedra em Pokémon Black 2. Como você ainda faz isso comigo, Game Freak? Eu tenho quase 40 anos! Já deu, né?
Já passei por isso antes, e não digo apenas da região Unova, cenário onde rola a narrativa da primeira sequência direta da franquia Pokémon. Estou falando desse lance de sentar no escuro, ignorar todas as minhas necessidades de descansar e dormir direito apenas para encher a minha Pokédex com criaturas imaginárias. Isso acontece desde o ano 2000 com Pokémon Yellow, a primeira vez que entrei na fissura de pegar todos os bichinhos.
Joguei todas as versões subsequentes da série e gostei muito de todas elas, mas nunca mais senti aquela mesma obsessão de quando capturei os 151 originais. Pokémon Black e White 2 chega bem perto de trazer essa mania de volta.
Após dois anos dos eventos narrados em Pokémon Black e White, a versão 2 faz de você um novo caçador de Pokémon que decide seguir o caminho para se tornar um mestre – como tantos garotos e garotas antes dele. Recrutado por um professor, apresentado a um rival (apesar de que, dessa vez, é mais um companheiro de viagem do que um adversário… o que me faz ficar um pouco envergonhado com o nome horrível que eu dei a ele), e jogado nesse mundo selvagem, onde toda sorte de criaturas terríveis que poderiam devorar um simples pré-adolescente, mas que, em vez disso, decidem atacar uns aos outros enquanto deixam os seres humanos em paz. Este é um mundo onde uma organização criminosa chamada Team Plasma – que, além de tudo, parece ter recursos ilimitados à sua disposição para tocar um plano para dominar o mundo – pode ser derrotada por um simples moleque nômade com monstros presos dentro de bolas.
É um lugar simples, mas familiar, povoado por personagens e cenários dos seus antecessores diretos. Um dos personagens rivais agora é um líder de ginásio; o outro, é asistente de pesquisas da Professora Juniper. As cidades de dois anos atrás passaram por algumas mudanças para mostrar que o tempo correu. Todos os ginásios Pokémon (com exceção do primeiro) receberam mudanças desnecessárias só pelo visual.
Ao fazer essas pequenas modificações de design em vez de rascunhar um jogo do zero, o estúdio Game Freak criou uma jornada interessante para aqueles que jogaram os Black e White originais. A história serve apenas como pano de fundo para nos distrair do joquempô estilizado que é o sistema de lutas de Pokémon, mas não deixa de ser impressionante o que eles fizeram com as cidades. Você viu como está Nimbasa City?
Mas há muito o que se fazer em B&W2. Como de costume, vários problemas surgem para desviar o protagonista do seu caminho de se tornar o rei dos colecionadores de Pokémon. Tem também um estúdio de cinema, que quer ver batalhas sendo transformadas em filmes de ação toscos (apesar disso não ganhar muita atenção durante todo o jogo). Os Pokémon, mais uma vez, podem ser vestidos com roupas ridículas e posicionados, junto com colecionáveis espalhados pelo mundo, em um palco para criar a versão Pokémon de um teatro musical. Além disso, o protagonista ganha todo um shopping center para ser povoado e admnistrado, algo um tanto sem sentido, mas que acaba se tornando uma das atividades paralelas mais divertidas do game. E para aqueles que preferem competir do que colecionar, existe uma vasta quantidade de campeonatos para participar, além da promessa de muitos DLCs no futuro.
Sou, no entanto, um conhecedor da experiência Pokémon – caçar e capturar os montros, cultivar o grupo perfeito e, então, colher pontos de experiência na grama alta que permeia os campos do mundo, apenas para ficar forte o suficiente para visitar a próxima área. É como um JRPG clássico, mas em vez de cinco ou seis personagens, temos centenas deles.
Apesar de a grade de elementos ter se expandido e o rol de criaturas, duplicado, o estúdio Game Freak ficou preso à velha fórmula Pokémon por 16 anos, mas por uma boa razão: é um sistema perfeito. Treinar nos campos para aumentar o nível de um novo monstro no seu grupo; batalhar Pokémons desconhecidos até o final da sua vida, apenas para jogar uma bola tecnologica em sua direção; ver o sofrimento dos seus adversários quando são derrotados depois de um ataque super-efetivo – isso é o melhor que a vida tem a oferecer.
O que realmente me prende em Black e White 2 — e me deixa acordado por toda a noite – é a vontade de colecionar. São 200 medalhas (conquistas) que você pode descolar por completar tarefas específicas e 300 Pokémons prontos para serem escravizados sob o meu comando.
E, no centro de tudo, a maldita Pokedex.
É um lance besta, na verdade, mas conforme você encontra e coleciona Pokémon em qualquer habitat, eles aparecem na Pokedex. Quando captura todos os Pokémons de um local específico, você ganha uma medalha.
Como pode uma pessoa ir dormir sem antes capturar um Koffing no Virbank Complex? Como posso salvar o meu jogo sem a medalha da Rota 20? E onde se enfiou o Dunsparce!? Esse jogo elevou o meu TOC mediano a níveis ridículos de obcessão.
Essa compulsão é o que define a franquia Pokémon. Está logo ali no subtítulo da série “Temos Que Pegar”. Esse mote me manteve acordado até o sol aparecer novamente quando eu era mais jovem. Foi o mote que me levou a comprar toda iteração desse jogo desde então, buscando novamente a emoção dessa motivação maníaca. E eu a encontrei de novo em Pokémon Black e White 2.
Créditos: Kotaku Brasil
Créditos: Kotaku Brasil
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